quinta-feira, 16 de maio de 2013

Diplomacia (I)


Pio Penna Filho*

Diplomacia é a gestão das relações internacionais por negociações, o método pelo qual essas relações são ajustadas e conduzidas por representantes do Estado, ou seja, embaixadores e enviados que representam um país no exterior. É, ao pé da letra, a função ou a arte do diplomata.
Para o Brasil, a diplomacia é um precioso instrumento do Estado que ajuda a projetar sua imagem no exterior e tem auxiliado, e muito, em seu processo de desenvolvimento. Existem inúmeros exemplos da diplomacia brasileira atuando como vetor do nosso desenvolvimento.
A prática diplomática é muito antiga. Desde a formação dos primeiros sistemas de Estados na antiguidade, temos exemplos da diplomacia em atividade. Aliás, já foi dito que os primeiros diplomatas foram os anjos, ou seja, os enviados divinos para ligarem os humanos a Deus.
À parte essa retórica mais espiritualista, os Impérios, Reinos e Estados antigos se relacionavam por meio dos primeiros diplomatas, que geralmente eram emissários encarregados de transmitirem informações entre os soberanos.
A atividade diplomática foi se aperfeiçoando gradativamente. Quanto mais bem estabelecido, seja um Reino ou Império, maior a necessidade da diplomacia para os contatos políticos e as negociações comerciais entre as unidades políticas estabelecidas.
Em alguns lugares a diplomacia foi mais intensa, como na relação entre as cidades-estados gregas. Em outros, apesar de existir, a preferência recaía no oposto da diplomacia, ou seja, no emprego da violência e na intimidação como forma de relacionamento e imposição de determinado ponto de vista. Esse foi o caso, em muitas circunstâncias e em vários momentos históricos, da atuação dos romanos.
O grande avanço na diplomacia ocorreu durante o renascimento italiano, quando as principais cidades-estados da península italiana (Gênova, Florença, Milão e Veneza) passaram a manter embaixadores permanentes umas junto às outras. Daí em diante essa prática foi se disseminando paulatinamente para outros Estados europeus.
Em 1648, com o Congresso de Vestfália, temos um novo avanço da diplomacia. O Congresso se reuniu na sequência da desgastante “Guerra dos Trinta Anos”, que colocou em lados opostos vários Estados europeus. Pode-se dizer que as negociações ocorridas durante o Congresso levaram, mais tarde, ao exercício da diplomacia multilateral, ou seja, a um tipo de diplomacia que envolve simultaneamente vários Estados.
No século XIX temos uma nova mudança marcante. De novo, foi uma guerra que fomentou a renovação das práticas diplomáticas. Nesse caso, a expansão napoleônica promoveu uma desordem tal na velha Europa que um novo Congresso foi convocado. Trata-se do Congresso de Viena, de 1815, que consolidou o chamado sistema internacional europeu, que com o tempo disseminou novas práticas diplomáticas para outras partes do mundo.
Já no século XX duas convenções marcaram a diplomacia mundial. Em 1961, a Convenção de Viena sobre Relações Diplomática e a Convenção de Viena sobre Relações Consulares resultaram na consolidação da diplomacia em escala global, determinando protocolos e práticas reconhecidas por quase todos os Estados.



* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

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