Pio
Penna Filho*
Como analisado no artigo da semana
anterior, a diplomacia é uma prática que remonta à antiguidade, derivada
principalmente da necessidade política e econômica dos Estados em manterem contatos com outros
Estados. Tal prática, ou arte da negociação, evoluiu muito ao longo da
história.
Durante muito tempo, no relacionamento
entre os Estados, prevaleceram as chamadas relações bilaterais, ou seja, de
Estado a Estado. Embora esta seja ainda uma característica forte do sistema
internacional, assistimos a partir do século XX o aumento considerável da
diplomacia multilateral, favorecida enormemente pelo surgimento de organizações
multilaterais permanentes, seja no plano global, seja no regional.
No plano global duas instituições
multilaterais ganharam destaque no século passado, ambas surgidas em épocas de
guerras globais. A primeira foi a Liga das Nações, criada em 1919, na sequência
da Primeira Guerra Mundial, ou Grande Guerra, como foi denominada pelos seus
contemporâneos. A segunda instituição é a Organização das Nações Unidas (ONU),
criada em 1945, no contexto da Segunda Guerra Mundial. A ONU surge como
sucessora da Liga e tem basicamente os mesmos objetivos, ou seja, a promoção da
paz e da segurança internacional.
No plano regional verificou-se algo
semelhante ao global, com o surgimento de diversas organizações internacionais
de caráter mais local, que forçaram os Estados a aumentarem o grau de interação
política e estimularam a diplomacia multilateral. Veja-se os casos, por
exemplo, da Organização dos Estados Americanos (OEA), União de Nações
Sul-Americanas (UNASUL), União Europeia (UE), União Africana (UA), dentre
vários outros.
Outro aspecto importante e muito marcante
ocorrido no século XX foi o surgimento de vários novos países, sobretudo na
época da descolonização da Ásia e da África, logo após a Segunda Guerra
Mundial. Assim, o sistema internacional se tornou muito mais complexo e
diverso, reforçando a necessidade de uma diplomacia bem mais ativa.
Em tempos mais recentes a prática
diplomática foi também influenciada e afetada pela disponibilidade de novos
recursos tecnológicos, principalmente aqueles derivados dos avanços nos
transportes, nas comunicações e na eletrônica. Contrapondo a nova realidade com
os períodos históricos anteriores, vivemos um período de uma nova diplomacia,
muito mais intensa e ágil.
Um exemplo concreto é a participação cada
vez mais ativa de dirigentes máximos de um Estado (presidentes, por exemplo) na
condução direta da diplomacia, o que levou ao que chamamos hoje de “diplomacia
presidencial”. No caso do Brasil, os presidentes Fernando Henrique Cardoso e
Lula da Silva foram os mais ativos em termos de atuação diplomática diretamente
conduzidas por chefes do Estado. Mas há outros exemplos, como os dos
ex-presidentes norte-americanos Jimmy Carter e Bill Clinton.
À guisa de conclusão podemos dizer que
nenhum país pode abrir mão da diplomacia. São os diplomatas os responsáveis por
representar os seus países no exterior e promover a aproximação entre governos
e sociedades. Quanto mais ativa uma diplomacia, tanto
melhor para o país e para a harmonia entre os Estados.
* Professor do Instituto de Relações Internacionais da
Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com
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