segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Refugiados e Imigrantes

Pio Penna Filho*

As últimas imagens de pessoas desesperadas tentando chegar ao espaço europeu tem chamado a atenção internacional para o fenômeno dos deslocamentos humanos recentes. São cenas chocantes de milhares de pessoas que tentam a todo o custo entrar na Europa em busca de melhores condições de vida, mesmo que isso lhes custe a própria vida.
Essas pessoas se dividem, basicamente, em dois grupos. Há o grupo dos refugiados, que geralmente saem de países que passam por conflitos e guerras civis, como são os casos da Síria e do Afeganistão, e o grupo dos imigrantes, sendo que este último reúne pessoas que desejam uma oportunidade em algum país estável e desenvolvido.
A relativa proximidade geográfica, o nível de desenvolvimento e a possibilidade de um recomeço de vida são os principais atrativos identificados por imigrantes e refugiados que buscam a Europa. Lá parece ser, para muitos, uma terra promissora, uma espécie de novo “eldorado”.
O problema é que a Europa, assim como qualquer outra região do mundo, não está preparada para receber um fluxo tão grande de pessoas num período tão curto de tempo. Em termos financeiros os custos para manter uma população nova, ainda em fase de estabelecimento e adaptação, são muito elevados.
Mas há também o problema do choque cultural. A maioria dos refugiados e imigrantes são provenientes de culturas muito distintas das europeias e o choque é inevitável, sobretudo com problemas de discriminação e preconceito. Assim, a humilhação se associa à vulnerabilidade dessas pessoas quando elas conseguem chegar à Europa.
Não há solução a curto prazo para esse problema. Não adianta os europeus tentarem “fechar” as suas fronteiras com arame farpado, com muros, com dispositivos militares e coisas afins. A pressão continuará e a tendência é que esses fluxos aumentem, pelo menos ainda por um tempo.
A única saída, e essa demanda tempo, é tentar levar estabilidade política e algum desenvolvimento econômico para as principais regiões de onde partem esses imigrantes e refugiados. Enquanto isso não mudar, todas as políticas de contenção do problema estarão fadadas ao insucesso. E isso, como se sabe, não acontece e nem acontecerá da noite para o dia.
Há muita desigualdade no mundo contemporâneo. Vivemos numa era globalizada, em que o mundo parece ter encolhido, diminuído, e se tornado mais interdependente e desigual, e isso coloca em evidência o grande contraste entre os ricos e os pobres. A busca por melhores condições de vida é legítima e natural para o ser humano. O mundo, portanto, não pode fechar os olhos deliberadamente para o sofrimento de tanta gente.
Esse problema não é apenas da Europa, é bom que se diga. É um problema global e que requer, portanto, uma resposta global.

















* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

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