Pio
Penna Filho*
No
Brasil, estudantes africanos provenientes de vários países do continente usualmente
promovem atividades nas Universidades onde estudam para lembrar a data e
divulgar temáticas africanas para os brasileiros.
O Dia
da África é importante como ação política afirmativa de um continente pouco
conhecido e muito discriminado. Muitas pessoas ao redor do mundo ainda veem a
África apenas pelos seus aspectos negativos, como a permanência de algumas
guerras civis, a existência de graves epidemias, fome, pobreza e coisas afins.
É
inegável que tudo isso existe na África, mas é muito importante observar que a
África não se restringe apenas a aspectos negativos. Muitos acreditam,
inclusive, que hoje o continente passa por uma fase de renascimento, com a
retomada do crescimento econômico, a redução das guerras civis, a afirmação de
regimes democráticos e o aumento da estabilidade política em diversas regiões.
A
título de exemplo, podemos citar que as economias africanas crescem a médias
superiores que outros continentes. Apesar de ainda insuficiente, esse
crescimento tem levado a melhorias substanciais nos países africanos, que
possuem uma classe média em expansão e políticas públicas que visam combater a
pobreza.
Muitos
países africanos vivenciam hoje um ciclo interessante de atração de
investimentos externos. Existem muitas companhias estrangeiras atuando na
África e várias delas promovem investimentos diretos, ou seja, implementam
atividades econômicas que estão ajudando a moldar a “nova” África.
Do
ponto de vista político é igualmente notável as modificações pelas quais passam
diversos países africanos. Como já dito, temos hoje uma expansão de regimes
democráticos e a consolidação da estabilidade política em muitos países que nos
anos noventa passaram por terríveis guerras civis. Nesse campo, a transformação
é notável.
Vive-se
hoje um quadro otimista no e para o continente africano. Em termos gerais a
perspectiva acerca da África foi de um extremo a outro em apenas duas décadas.
Ou seja, se nos anos noventa prevalecia o sentimento afropessimista, que só
notava e enfatizava aspectos negativos com relação ao continente africano, no
alvorecer do século XXI essa percepção foi alterada e gradativamente se
estabeleceu o que chamamos de afro-otimismo.
É fato
que o continente africano possui enormes desafios pela frente. O crescimento das
economias africanas, apesar de alvissareiro, é ainda insuficiente para atender
a tantas demandas sociais. E, além disso, é preciso fazer com que esse
crescimento leve ao desenvolvimento social, com mais geração de empregos e
melhor administração pública. De toda forma, a alusão ao “Dia da África” é hoje
uma aspecto simbólico forte que avançou em muito as aspirações iniciais. Que o
continente africano siga crescendo e mostre ao mundo o vigor e determinação de
sua brava gente.
* Professor do Instituto de Relações Internacionais da
Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com
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