terça-feira, 28 de maio de 2013

Diplomacia (II)

Pio Penna Filho*

Como analisado no artigo da semana anterior, a diplomacia é uma prática que remonta à antiguidade, derivada principalmente da necessidade política e econômica  dos Estados em manterem contatos com outros Estados. Tal prática, ou arte da negociação, evoluiu muito ao longo da história.
Durante muito tempo, no relacionamento entre os Estados, prevaleceram as chamadas relações bilaterais, ou seja, de Estado a Estado. Embora esta seja ainda uma característica forte do sistema internacional, assistimos a partir do século XX o aumento considerável da diplomacia multilateral, favorecida enormemente pelo surgimento de organizações multilaterais permanentes, seja no plano global, seja no regional.
No plano global duas instituições multilaterais ganharam destaque no século passado, ambas surgidas em épocas de guerras globais. A primeira foi a Liga das Nações, criada em 1919, na sequência da Primeira Guerra Mundial, ou Grande Guerra, como foi denominada pelos seus contemporâneos. A segunda instituição é a Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1945, no contexto da Segunda Guerra Mundial. A ONU surge como sucessora da Liga e tem basicamente os mesmos objetivos, ou seja, a promoção da paz e da segurança internacional.
No plano regional verificou-se algo semelhante ao global, com o surgimento de diversas organizações internacionais de caráter mais local, que forçaram os Estados a aumentarem o grau de interação política e estimularam a diplomacia multilateral. Veja-se os casos, por exemplo, da Organização dos Estados Americanos (OEA), União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), União Europeia (UE), União Africana (UA), dentre vários outros.
Outro aspecto importante e muito marcante ocorrido no século XX foi o surgimento de vários novos países, sobretudo na época da descolonização da Ásia e da África, logo após a Segunda Guerra Mundial. Assim, o sistema internacional se tornou muito mais complexo e diverso, reforçando a necessidade de uma diplomacia bem mais ativa.
Em tempos mais recentes a prática diplomática foi também influenciada e afetada pela disponibilidade de novos recursos tecnológicos, principalmente aqueles derivados dos avanços nos transportes, nas comunicações e na eletrônica. Contrapondo a nova realidade com os períodos históricos anteriores, vivemos um período de uma nova diplomacia, muito mais intensa e ágil.
Um exemplo concreto é a participação cada vez mais ativa de dirigentes máximos de um Estado (presidentes, por exemplo) na condução direta da diplomacia, o que levou ao que chamamos hoje de “diplomacia presidencial”. No caso do Brasil, os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva foram os mais ativos em termos de atuação diplomática diretamente conduzidas por chefes do Estado. Mas há outros exemplos, como os dos ex-presidentes norte-americanos Jimmy Carter e Bill Clinton.
À guisa de conclusão podemos dizer que nenhum país pode abrir mão da diplomacia. São os diplomatas os responsáveis por representar os seus países no exterior e promover a aproximação entre governos e sociedades. Quanto mais ativa uma diplomacia, tanto melhor para o país e para a harmonia entre os Estados.




* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário