terça-feira, 8 de julho de 2014

Israel-Palestina: conflito sem fim




Autor: Prof. Dr. Pio Penna Filho (UNB)

Os radicais ganharam mais um round na turbulenta política envolvendo Israel e Palestina. O rapto, seguido da execução, de três jovens israelenses despertou a ira de parte das autoridades israelenses e de grupos mais radicais, que juraram vingança. A situação só se complica a cada dia desde a descoberta dos corpos e sua identificação por meio de exames de DNA.
Tudo indica que essa execução foi uma ação de radicais islâmicos, que torcem para que palestinos e israelenses jamais consigam chegar a um acordo de paz que leve à coexistência pacífica dos dois Estados.
O triplo assassinato promoveu, infelizmente, e como era de se esperar, uma reação violenta por parte do governo israelense. O território palestino foi bombardeado e muitas pessoas foram feridas e algumas provavelmente morreram pela ação militar israelense. Por sua vez, radicais palestinos lançaram foguetes contra Israel e prometeram“abrir as portas do inferno” para os israelenses.
Ou seja, é a violência alimentando a violência. Ambos os lados estão agindo acima da lei e prejudicando uma relação que já é para lá de complicada. Israel tem condições de investigar e capturar os assassinos dos três jovens sem necessariamente empregar uma força tão desproporcional. E é também (ou deveria ser) do interesse direto das autoridades palestinas colaborar com essa captura para a punição dos responsáveis dentro da lei.
O que não pode (ou não deveria) continuar acontecendo é a escalada da violência motivada pela pura e simples vingança. Aliás, suspeita-se fortemente que a morte de um jovem palestino ocorrida depois da descoberta dos corpos dos jovens de Israel foi obra de alguns israelenses que, agindo assim, só fazem alimentar ainda mais o ódio de lado a lado.
É claro que o conflito Israel-Palestina vai muito além desses episódios. Eles apenas incitam mais violência. Enquanto o problema não for encaminhado de forma a contemplar os interesses dos dois lados, é muito difícil imaginar um cenário de paz e convívio mais harmônico.
É curioso notar que há radicais em ambos os lados que não desejam a paz. Eles lutam, na verdade, contra qualquer possibilidade de coexistência. São atores irracionais, que perderam a noção da realidade, uma vez que não há como “destruir” o Estado de Israel e nem tampouco impedir, mesmo que a médio e longo prazo, que um Estado Palestino seja plenamente reconhecido pela comunidade internacional.
No caso desse conflito é muito fácil identificar aqueles que estão agindo sem razão. Erra o governo israelense ao promover a expansão dos assentamentos e tornar a vida dos palestinos um verdadeiro inferno no seu cotidiano. Erram os radicais palestinos ao insistirem numa guerra sem sentido que visa “varrer do mapa” o Estado de Israel e ao tentarem pautar com o medo a vida de muitos israelenses.
O bom senso, infelizmente, anda muito em baixa nas terras compartilhadas por palestinos e israelenses. O caminho do meio, do convívio, da coexistência pacífica, parece que desapareceu. O que sobra de positivo é que apesar de toda a violência que assistimos com muita frequência por meio da mídia, ainda existe uma maioria que deseja a paz. O grande desafio é fazer com que a voz dessa maioria, que está presente nos dois lados, consiga abafar a insanidade dos radicais. 

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