segunda-feira, 9 de junho de 2014

O Dia da África

Pio Penna Filho*

No Brasil, estudantes africanos provenientes de vários países do continente usualmente promovem atividades nas Universidades onde estudam para lembrar a data e divulgar temáticas africanas para os brasileiros.
O Dia da África é importante como ação política afirmativa de um continente pouco conhecido e muito discriminado. Muitas pessoas ao redor do mundo ainda veem a África apenas pelos seus aspectos negativos, como a permanência de algumas guerras civis, a existência de graves epidemias, fome, pobreza e coisas afins.
É inegável que tudo isso existe na África, mas é muito importante observar que a África não se restringe apenas a aspectos negativos. Muitos acreditam, inclusive, que hoje o continente passa por uma fase de renascimento, com a retomada do crescimento econômico, a redução das guerras civis, a afirmação de regimes democráticos e o aumento da estabilidade política em diversas regiões.
A título de exemplo, podemos citar que as economias africanas crescem a médias superiores que outros continentes. Apesar de ainda insuficiente, esse crescimento tem levado a melhorias substanciais nos países africanos, que possuem uma classe média em expansão e políticas públicas que visam combater a pobreza.
Muitos países africanos vivenciam hoje um ciclo interessante de atração de investimentos externos. Existem muitas companhias estrangeiras atuando na África e várias delas promovem investimentos diretos, ou seja, implementam atividades econômicas que estão ajudando a moldar a “nova” África.
Do ponto de vista político é igualmente notável as modificações pelas quais passam diversos países africanos. Como já dito, temos hoje uma expansão de regimes democráticos e a consolidação da estabilidade política em muitos países que nos anos noventa passaram por terríveis guerras civis. Nesse campo, a transformação é notável.
Vive-se hoje um quadro otimista no e para o continente africano. Em termos gerais a perspectiva acerca da África foi de um extremo a outro em apenas duas décadas. Ou seja, se nos anos noventa prevalecia o sentimento afropessimista, que só notava e enfatizava aspectos negativos com relação ao continente africano, no alvorecer do século XXI essa percepção foi alterada e gradativamente se estabeleceu o que chamamos de afro-otimismo.
É fato que o continente africano possui enormes desafios pela frente. O crescimento das economias africanas, apesar de alvissareiro, é ainda insuficiente para atender a tantas demandas sociais. E, além disso, é preciso fazer com que esse crescimento leve ao desenvolvimento social, com mais geração de empregos e melhor administração pública. De toda forma, a alusão ao “Dia da África” é hoje uma aspecto simbólico forte que avançou em muito as aspirações iniciais. Que o continente africano siga crescendo e mostre ao mundo o vigor e determinação de sua brava gente.




















* Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e Pesquisador do CNPq. E-mail: piopenna@gmail.com

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